RETRATO DA VIDA
Quem não se lembra dos dias felizes vividos na infância, adolescência e juventude sem se preocupar com o futuro incerto de todos nós! Quantas vezes sentimos saudades desta época em que a felicidade reinava em nosso entorno! Tenho certeza que a visão da vida é visualizada em nossas mentes como um filme hollywoodiano.
Na adolescência sentimo-nos verdadeiros astros diante do sexo oposto. Aos apaixonarmos, caímos na cilada da vida e contraímos matrimônio com a pessoa amada. Os dias foram passando, e o peso da responsabilidade se fazendo, cada vez mais, presente.
No decorrer da vida, começamos a entender que viver a dois seria muito difícil em razão de cada um pensar de forma diferente. Não podíamos deixar a emoção falar mais alto do que a razão, pois, se isto ocorresse, estaríamos a caminho de um precipício. O entendimento era a melhor forma de podermos dar continuidade às nossas vidas. O amor, o carinho e a compreensão foram fatores preponderantes para atingirmos a maturidade. A vida continuou dando lugar aos planos de vida que se tornaram realidades. Dentre estes planos, não poderíamos deixar de citar, a beleza que a vida nos reserva, que é o nascimento de um herdeiro.
Até este momento imaginávamos o quanto era difícil viver a dois, porém, durante a criação dos nossos filhos, vimos que entender os desejos dos nossos rebentos e conduzir as suas vidas, era tão difícil quanto à convivência de um casal.
Os filhos, ainda pequeninos, necessitavam de cuidados redobrados. Muitas vezes, não entendiam o que falávamos. Repetíamos algumas frases várias vezes até que estes entendessem a nossa mensagem. Não medimos nenhuma dificuldade para atendê-los na medida do possível. Todas as vontades e gostos eram atendidos. Foram crescendo sem terem a menor ideia das dificuldades que passamos para podermos dar-lhes uma educação que os fizessem verdadeiros homens no futuro. Com o passar do tempo, todos contraíram matrimônio assim como fizemos. Passaram a formar uma família.
Os anos foram se passando, e nós começamos a sentir o peso da idade. Sem compaixão, vimos a vida se passar como um passe de mágica. Iniciamos o ciclo denominado terceira idade. A idade em que o homem não pode, de forma nenhuma, se estagnar. Ao contrário, necessitamos desenvolver ações que nos incentive a encarar esta idade como a biblioteca viva do saber. Divulgar nossas experiências de vida para todos que nos cercam. Combater, muitas vezes, a falta de paciência que aqueles com quem convivemos, não têm para com os idosos. Se não ouvimos o que eles falam, somos criticados e tachados como surdos. Quando criança, tivemos paciência em ouvi-los, e explicarmos o que não entendiam várias vezes, sem nos aborrecer. Tudo que pediam eram atendidos. No entanto se aborrecem, com facilidade, diante de um pedido dos seus velhos pais e avós. Não compreendem que a velhice nos leva a uma fragilidade orgânica que nos oprime e nos tornam dependentes de outras pessoas. Se dermos algum exemplo em benefício dos mais jovens, somos repelidos por sermos ultrapassados, por não termos acompanhado a moderna “vida” que levam e julgados como criaturas incapazes de entender o pensamento do mundo moderno. Enfim, somos um estorvo no pensamento dos mais jovens. O esquecimento do que fomos e somos para com todos os nossos filhos, independente de idade, nada representa para a juventude que não conseguiu ser amada por aqueles que a criou, e por isto, não podem doar o que não recebeu.